Biodiversidade

Em nome de uma alimentação não convencional

Região deve ganhar movimento para fomentar cultivo e comercialização das Panc

Paulo Rossi -

Cará-moela, bertalha, beldroega, serralha, dente-de-leão, picão-preto, mastruço, framboesa silvestre... São inúmeras as espécies. Em outubro, um novo encontro deve colocar as Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) no centro da pauta. Nesta sexta-feira (6), na 2ª edição do Agropanc - Panc e a geração de renda, agricultores, pesquisadores, estudantes e integrantes de Redes de Economia Solidária reuniram-se na Embrapa Estação Experimental Cascata para debater sobre cultivo, usos e meios de comercialização desses produtos que, não raro, precisam ser (re)descobertos.

A meta está bem definida: criar um movimento regional em torno das Panc. A ideia é de que mobilização liderada pelo Campus da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) em São Lourenço do Sul possa expandir-se por toda a Zona Sul. "Buscamos um despertar da comunidade. Por isso, trouxemos esta segunda edição do evento para Pelotas", ressalta a professora e idealizadora do projeto de extensão PancPop, Jaqueline Durigon. E tem dado resultado.

Em terras lourencianas, atualmente, pelo menos 14 famílias dedicam-se à produção de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) e, juntas, conheciam mais de 120 espécies. Metade delas nasciam sozinhas e cerca de 30% já foram levadas para feira livre, no Centro da cidade. A aceitação e a curiosidade dos consumidores já fazem ampliar os pontos de venda: além de quatro bancas agroecológicas, outras também têm começado a abrir espaço às Panc. E o melhor: os agricultores vem se apropriando de informações antes restritas ao mundo acadêmico e falam com a clientela sobre formas de preparo dos alimentos e riqueza de nutrientes.

Sensibilizar, formar e intervir
O tripé virou base ao trabalho do Panc Pop, que tem buscado popularizar o tema através de oficinas, palestras, feiras e vídeos. O 2º Agropanc, nesta sexta-feira, foi mais uma das ferramentas para trazer ao debate o cultivo dessas plantas que por questões culturais, históricas e de mercado do setor de alimentos - que tem perdido diversidade - deixaram de ser consumidas na nossa região, nunca foram ou estão restritas a cidades e grupos que mantêm certas tradições no Brasil e no mundo.

E para trazer este olhar ampliado, a nutricionista Irany Arteche, o botânico Valdely Kinupp e o agrônomo Nuno Madeira, especialistas em Panc no país, compartilharam conhecimento. Caminhada para identificação de espécies, preparo de pratos e reflexões que cruzaram da vida no campo ao cultivo em quintais de casa, na chamada agricultura urbana. "É fundamental passar a olhar as Panc como uma oportunidade de sustento", destaca Madeira. E, ao demonstrar experiências em diferentes estados brasileiros, o agrônomo da Embrapa de Brasília aproveitou para enfatizar que os cidadãos podem fazer usos não convencionais, inclusive, de alimentos convencionais, ao transformar a semente da abóbora, por exemplo, em petisco.

São chamamentos que os agricultores aceitaram bem. Muito bem. Foi o caso de Silmar Fischer, 60. "Vim aqui porque quero saber mais. Quero aprender". Produtor de arroz orgânico e de trigo, o morador do 5º distrito de São Lourenço, planta ora-pro-nóbis há aproximadamente 15 anos, mas apenas para uso da família e dos animais. Ao verificar um mercado em potencial para complementar a renda, já cogita estender a plantação. E, quem sabe, incluir outras espécies no vasto leque de alternativas.

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